Fila de exames no SUS será reduzida com apoio da rede privada
A espera por exames médicos no Sistema Único de Saúde (SUS) em Niterói poderá ser drasticamente reduzida nos próximos meses. A Câmara Municipal aprovou, em segunda votação, um projeto que autoriza o município a contratar clínicas e entidades privadas para acelerar a realização de exames de rotina, que atualmente chegam a demorar até dez meses em algumas especialidades.
A proposta, que tem o apoio da gestão municipal, prevê o início das ações até o fim de julho, com a expectativa de eliminar a fila no período de três meses. O projeto recebeu o nome de Fila Zero.
Contratação emergencial e nova tabela de pagamento
Para agilizar o processo, o município vai utilizar uma tabela emergencial de complementação financeira, baseada nos valores praticados pelo SUS, mas com ajustes específicos para a remuneração dos serviços contratados na rede privada e filantrópica.
Segundo dados oficiais, são cerca de 8.700 pedidos mensais de exames preventivos, além da demanda urgente que já é atendida regularmente nas unidades de saúde da cidade. Os exames mais requisitados incluem ecocardiografia transtorácica (4.337), colonoscopia (4.185), ultrassonografia mamária bilateral (2.623) e endoscopia digestiva (2.526).
Expectativa de redução drástica no tempo de espera
De acordo com a secretária municipal de Saúde, Ilza Fellows, a meta é que exames como o ecocardiograma, que hoje levam até dez meses para serem realizados, passem a ser feitos em até dez dias após a implementação do novo modelo.
Ela ressalta que o aumento na procura por exames ocorreu principalmente após a pandemia, com a população buscando mais atendimento na atenção básica. Apesar da medida emergencial, a secretária afirma que a proposta é uma solução pontual e que outras ações estruturais já estão sendo planejadas.
Críticas dos servidores e debate sobre prioridades
Apesar da expectativa positiva, o projeto gerou críticas entre os profissionais da área de saúde. Representantes do sindicato local apontam que os recursos poderiam ser direcionados para fortalecer a rede pública já existente. O centro de imagens do Hospital Carlos Tortelly, por exemplo, realiza exames como colonoscopia e endoscopia, e poderia ampliar sua capacidade. Já o Hospital Orêncio de Freitas tem espaço físico para receber um tomógrafo, mas ainda não dispõe do equipamento.
O receio entre os profissionais é que medidas como essa possam gerar um enfraquecimento estrutural da rede pública de saúde.
Planos para o médio prazo: supercentros de saúde
A gestão municipal afirma estar atenta às críticas e apresenta como plano de médio prazo a criação de dois supercentros de saúde, um na Região Oceânica e outro no bairro Fonseca. O imóvel para a unidade da Região Oceânica já foi desapropriado e a previsão é que a implantação ocorra no início de 2026.
Além disso, a estrutura da rede está sendo ampliada com a contratação emergencial de 267 médicos, dos quais cem já estão em atividade. A proposta é que esses profissionais permaneçam até que seja realizado um concurso público, previsto para ocorrer dentro de três anos.
Fonte: A Seguir
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